quinta-feira, 3 de março de 2011

Desafio Rigaboteano #20 - isolamento dos idosos

Olá pessoal



Nas últimas semanas, em especial após aquele caso da senhora de 96 anos que esteve morta em casa durante 9 anos, quase diariamente tem aparecido novos casos semelhantes nas notícias (seja em televisão, seja nos jornais)




As minhas perguntas para hoje são: será que ninguém dá pela falta destas pessoas?

O que se poderá fazer para evitar estes casos? Que tipo de apoio se poderá dar pelas instituições ou mesmo o estado. E qual é o papel das famílias no meio disto tudo, porque será que deixam os idosos assim sozinhos?



Qual a vossa opinião deste assunto?

Eu sei que faço mais perguntas do que dou soluções, mas eu próprio também não sei bem o que se podia fazer. por um lado , o estado e a segurança social, deviam estar mais atentos, mas por outro, em primeiro caso deviam ser as familias das próprias pessoas, a fazer algo





Fiquem bem que eu também, até amanha

4 comentários:

Anónimo disse...

Riga a resposta à tua pergunta pode ser simples.. se olhares à tua volta verás que hoje velhos e crianças são os mais frágeis da sociedade.. entregues a si próprios...tratando-se de idosos ainda se complica mais...a sociedade nunca os valorizou.. arruma-os para lares, ou deixa-os sós entregues a si próprios..e os filhos descartam-se completamente de quem tudo fez por eles, de quem dependeram até saírem de casa.. Se noutros tempos conviviam e viviam na mesma casa três gerações hoje a instituição família desapareceu..divórcios, mães solteiras... e outros factores.. que impedem que os pais não permaneçam com os filhos.. ou porque trabalham o dia inteiro e chegam a casa não têm tempo ou paciência para os filhos quanto mais para um velho! Por isso se reparares alguns filhos em vésperas de férias ou dias festivos levam os pais para o hospital e lá os deixam... entregues até acabarem as festas! Se reparares os idosos são enfiados num lar e recebem uma visita ou outra do/a filho/a raramente ou até nunca mais... portanto, os filhos ignoram completamente quem os gerou, quem deles tratou e cuidou enquanto precisavam.. depois seguem o caminho! A acrescentar o abandono familiar.. hoje também não há vizinhos como antigamente.. que se cruzavam na mercearia, na padaria.. hoje os vizinhos são desconhecidos. Falo por mim..moro num prédio de seis andares e cada apartamento tem o seu próprio elevador...não é andar é mesmo casa...eu moro há 5 anos e NÂO conheço ninguém da minha entrada..porque só me cruzo com algum na garagem e cada um no seu carro...porque a garagem tem comando com código e às vezes estou a tentar sair e outro a entrar e como os códigos são diferentes a garagem acusa numa luz..e só um pode inserir o código para entrar e sair nem os vejo entrar nem sair...de casa.. não sinto um barulho durante um fim de semana que fique em casa...não sei se são velhos ou novos.. acreditas que nestes cinco anos conheço melhor os lojistas do prédio que os vizinhos? Tenho 2 cafés à saída onde vou.. não sei se os que lá estão são meus vizinhos ou não? Não há reuniões de condomínio...por isso não me admiram estas situações...Sei lá se tenho um vizinho morto por baixo de mim? O mesmo acontece se for comigo..ninguém sabe os meus horários, a minha vida.. hoje cheguei a casa às sete para sair às 9h.. entrei em casa já passava das duas...
Agora uma coisa tenho a certeza...com os meus pais que felizmente estão sós e de boa saúde isso nunca acontecia.. nem vai acontecer... a eles devo TUDO como tal nos momentos que precisam.. eu estou lá! O meu pai esteve hospitalizado em Dezembro pois fazia 160km ( ida e volta) a cada dois dias e telefonava várias vezes ao dia... sabendo que não era grave..o mesmo já aconteceu à minha mãe... no momento em que ligo para casa e não atendem.. algo estranho se passa.. ligo para os telemóveis e se me disserem estou aqui nas Urgências... pois é nesse momento que me ponho a caminho! Não vamos responsabilizar o Estado.. responsabilizem-se os familiares que se o idoso tiver dinheiro na hora da morte são os primeiros a chegar..os abutres é assim. Este foi descoberto 9 anos depois porque tinha uma dívida nas finanças... porque se tivesse dinheiro não estaria 1 dia! Há filhos que são piores que animais..como há pais que também o são... mas nestes momentos...não há desculpa!
É a minha opinião o Estado não tem de se responsabilizar pela crueldade... a sociedade sim.. eu, tu, e todos...que temos pais!

Butterfly disse...

Só tenho uma coisa para dizer: foi preciso estar uma pessoa morta em casa durante 8 anos para Portugal acordar para a vida e descobrir que afinal existem idosos, existe a solidão, eles moram sozinhos, e agora é que se começa a falar cada vez mais no assunto e estão a criar-se mais medidas para "combater" esse problema.

Da França disse...

Tocou-me muito o que a Petite disse,infelizmente é a pura das verdades,a nossa sociedade hoje nem se conhece principalmente nas grande cidades,nos prédios nem se vêem.
Como sabes eu não gosto de comentar a mesma coisa por preguiça,vou por aqui um comentário que fiz noutro blogue,isto é a pura das verdades.
Um episódio da minha vida...

Da França disse...

O meu pai morreu com um ataque,a minha mãe esteve 3 anos doida e depois disso 14 anos e meio acamada.Tive que fazer o contra turno com o meu marido para tomar conta dela pois sou filha única.
Faço uma homenagem ao meu marido que se ocupava da sogra como eu,não era mãe mas sogra e isso faz toda a diferença.
Morreu sem escarros,prova que era virada e que estava sempre limpa. Precisava que lhe dessem comer na boca,não nos conhecia, tive uma enfermeira que vinha todos os dias para lhe fazer massagens, circular o sangue.
Não devemos abandonar os nossos velhinhos,um dia quem sabe se não precisamos igual.
Foi muito difícil,nunca parei de trabalhar pois o trabalho é a independência da mulher,mas tive a sorte que o meu marido sempre se adaptou a tudo,e não são todos os homens que iam mudar a fralda à sogra como se fosse uma criança,também a mudava aos filhos quando eram pequeninos,os meus filhos também o fazem.
Hoje estamos sós os dois,sei que se me acontecer alguma coisa é bem capaz de tomar conta de mim e vice versa,enquanto um de nós tiver saúde toma conta do outro,estamos casados para o melhor mas também para o pior,Deus é que o sabe.

Acrescento:
Hoje os meus filhos não tem vida para tratar de nós,são muito amigos,telefonam para saber se estamos bem,vem aqui quando estamos doentes,só um vive mais perto,outro vem todos os quinze dias,e a filha está muito longe,vejo-a 5 a 6 vezes por ano.
Não tem tempo,mesmo quando está em casa,ou em ferias é incomodada por factos e tem que os resolver.
Sei o que me espera é um lar mas eu compreendo a situação.
Aqui onde estamos os vizinhos fazem atenção,se os vizinhos sabem que não saímos,as persianas estão fechadas os vizinhos do outro lado telefonam para saber se tudo vai bem e eu faço o mesmo.
Eu mesmo vou visitar uma velhinha abandonada da filha,(outra)que está à espera que a mãe morra para vir vender a linda casa.
Outra que devia ser obrigada a tomar conta da mãe,eu já tenho dito,quando a mãe morrer se eu estiver viva vou fazer um escândalo,envergonho-a diante de todos,com o meu feitio não se safa,mas...sabe Deus se não vou primeiro.

Unknown disse...

rui eu conheço e já conheci algumas pessoas de idade que vivem sozinhas. sinto mesmo pena de certas famílias tratarem os seus pais e avós como a uns cães, e quando eles morrem começarem a chorar por eles e dizerem que lhes fazem muita falta, quando em vida não lhes ligaram nenhuma ou os maltratavam. eu sinto-me orgulhosa de ter sido criada pelos meus avós, porque foram eles que me deram a estabilidade emocional e o afecto que os meus pais nunca me deram. desde que o meu avô morreu que a minha avó tem-se sentido mais triste e abandonada tanto pela minha tia e explorada pela minha mãe. neste momento a minha avó diz que tem sentido que está a arruinar a minha vida, mas eu praticamente não sinto isso. só espero que um dia quando a minha situação se resolver eu consiga retribuir tudo o que os meus avós fizeram por mim, o que não foi pouco. e vou sentir-me eternamente grata por eles me terem criado